domingo, 20 de março de 2011

Outros factores propícios à Hegemonia Inglesa

Outros factores propícios à Hegemonia Inglesa

Outras condições que originaram a Hegemonia Inglesa foram as condições políticas, militares, comerciais e ideológicas. O Parlamentarismo defendia o Fisiocratismo e o sistema das enclosures. A defesa desta teoria, levou a uma revolução agrícola que proporcionou imensas consequências favoráveis, nomeadamente o crescimento demográfico e a redução da taxa de mortalidade. Este ponto encontra-se melhor explicado no post da Revolução Agrícola. A promulgação dos Actos de Navegação de Cromwell foi extremamente importante sendo que apenas navios ingleses ou do país de origem do produto poderiam transportar mercadorias estrangeiras para a Inglaterra. Assim, os produtos de países estrangeiros perdiam quase todo o valor junto da populção, enaltecendo os nacionais. Também apenas a marinha britânica detinha o direito de navegação de cabotagem e de transportar para a Grã-Bretanha as mercadorias provenientes das colónias. Com estes actos a Inglaterra destronou a sua principal oponente, a Holanda. A criação de Companhias de Comércio, como a Companhia das Índias Orientais, foi extremamente relevante para a hegemonia inglesa, sendo que a riqueza da última companhia era abundante e a das restantes era de igual modo considerável. As Guerras contra a França e a Holanda, nomeadamente a Guerra dos Setes Anos, foram várias e o país inglês saiu vitorioso de todas, demonstrando assim a sua magnificência. Outro factor extremamente essencial foi a criação da Grã-Bretanha, ou seja, a união de Inglaterra, Escócia e Irlanda, criando um mercado nacional mais alargado e propício à circulação dos produtos. O Tratado de ÉDEN entre Inglaterra e França, foi super relevante. Nesse fica estabelecido que a primeira transporta para a segunda lanifícios e ferragens em condições vantajosas.


Em último lugar, existiram as condições financeiras. A potência britânica detinha um sistema financeiro avançado devido ao seu desenvolvimento económico. Existia a Bolsa de Londres (Royal Exchange), que funcionava desde o final do século XVI. Primeiramente uma instituição privada, pertencia agora ao Estado e nela se contratava a dívida pública e se cotaram as primeiras acçoes da magnificiente Companhia das Índias Orientais. Na mesma existiam títulos de empresas industriais e acções do Banco de Inglaterra. A bolsa londrina era extremamente importante, sendo a responsável pelo alargamento do mercado de capitais. Em 1694 criou-se o Banco de Inglaterra. Este realizava todos as operações imprescendíveis para o comércio e emitia notas. Existiam ainda os country banks que realizavam em diferentes regiões as mesmas operações. Todo este movimento de capitais foi também proprício à Revolução Industrial, anteriormente explicada.

Todas Revoluções e factores apresentados ao longo destes quatro posts conduziram à Hegemonia Inglesa durante longos anos, séculos até. A Inglaterra era considerada a “oficina do mundo” devido ao seu esplendor, às suas inovações. Era o centro do mundo, da Economia, da Industrialização, do Comércio, de tudo. A Hegemonia Britânica era realmente mais do que magnificiente.

Hegemonia Inglesa - Revolução dos Transportes

Revolução dos Transportes

A Revolução do sector dos transportes surgiu devido a imensos factores, nomeadamente devido à revolução industrial e à revolução agrícola. Estes eram necessários para o transporte das matérias-primas e dos produtos para exportação e as viagens deveriam ser cada vez mais rápidas, logo o seu desenvolvimento era crucial para o comércio inglês. Com a criação da comboio movido através da força do vapor, as trocas comerciais sofreram um impulso significativo, sendo que as mesmas eram assim mais rápidas, mais económicas e mais seguras devido à rapidez considerável do comboio em relação aos meios de transporte anteriores. De igual modo a aplicação da energia do vapor aos navios fez maravilhas. Também a criação de túneis e pontes estimularam o comércio britânico, sendo que ligavam todas as regiões inglesas e também as europeias. A rede de estradas foi de igual modo melhorada, sendo ampliada e vendo os seus problemas serem resolvidos. Sendo assim, o comércio nacional não tardou em se expandir, pois as deslocações eram muito mais fáceis e rápidas e as vias de comunicação existentes haviam sido melhoradas. Também o crescimento demográfico da população e da cidade de Londres, a inexistência de alfândegas internas e a união de Inglaterra com a Escócia e a Irlanda, proporcionaram ao mercado nacional um desenvolvimento considerável.

Existiram de igual modo mudanças nos transportes marítimos, sendo construído um vasto conjunto de canais devido à rede hidrográfica vantajosa que possuíam. Esses canais facilitavam o comércio das mercadorias mais pesadas, o que era uma grande vantagem. Foram construídos grandes navios com casco de ferro, hélice e feitos de metal, movidos a vapor, que melhoravam ainda mais as condições de transporte das mercadorias no comércio intercontinental e colonial.

O mercado externo

Era dos mercados intercontinentais que os ingleses retiravam os maiores proveitos. Através dos navios de grande porte e resistência, a partir dos portos britânicos como os de Liverpool, Londres ou Bristol, praticava-se o denominado comércio triangular, sendo que os navios deixavam produtos como armas de fogo, tecidos e bebidas, como o rum, nos portos acima referidos, seguindo para África onde iam buscar os escravos que eram a mão-de-obra para as Américas, para onde iam seguidamente e de onde retiravam as denominadas produções tropicais que revendiam no comércio europeu. Tudo isto proporcionado pelo desenvolvimento dos transportes. Criaram-se varias companhias marítimas, como a Red Star Line, sendo a mais importante e mais rica a Companhia das Índias Orientais. Esta trazia dos países Orientais produtos luxuosos extremamente apreciados na Europa, controlando também o território e sendo a única proprietária das rotas e tráficos orientais. Também controlavam a agricultura asiática, dando produções limite aos agricultores e também impondo-lhes impostos e taxas. Por ultimo existiam as Country Trades – trocas locais – e os China Ships. As Country Trades eram basicamente o controlo exercido pelos ingleses entre as trocas comerciais entre países asiáticos. Já os China Ships era comércio realizado com a China em que o produto mais importado era o chá de Cantão, muito apreciado na Inglaterra, entre outros como as sedas. Assim, a revolução dos transportes contribui em larga escala para a afirmação do mercado inglês, quer interno, europeu, colonial ou intercontinental.

Hegemonia Inglesa - Revolução Industrial

Revolução Industrial

Outro dos factores que contribui em larga escala para a hegemonia inglesa foi a Revolução Industrial. Esta revolução iniciou-se em Inglaterra na segunda metade do século XVIII devido a inúmeros factores, influenciando a Revolução Agrícola, abordada anteriormente. Em primeiro lugar, o país inglês detinha ricos depósitos de ferro, carvão e água, o que se demonstrou essencial. Também as colónias eram ricas em matérias-primas, destacando-se nomeadamente a importância do algodão. Outros factores existentes foram as condições políticas – Parlamentarismo e preponderância da burguesia industrial –, as condições sociais, as condições económicas e as condições tecnológicas. Os landlords, por exemplo, utilizaram os lucros provenientes da agricultura para investir na Indústria. As indústrias impulsionadoras desta revolução foram a têxtil e a metalúrgica.


No sector têxtil, no passado, as técnicas antigas eram a fiação tradicional, a roda de fiar e a tecelagem manual. Embora os produtos fossem de maior qualidade, eram escassos em número devido ao trabalho que proporcionavam. Em 1760 surgem então novas máquinas, sendo a água a sua fonte de energia - energia hidráulica. Surgiram assim a spinning-jenny, a water-frame e os teares mecânicos. O sector algodoeiro foi um dos grandes impulsionadores da Revolução Industrial dentro da indústria têxtil. O aumento da sua procura e a abundância levaram a progressos. Devido à simplicidade das primeiras máquinas têxteis, surgiram pequenas empresas que rapidamente cresceram devido aos lucros elevados. A metalurgia também se revelou extremamente necessária para o desenvolvimento deste sector, pois fornecia as máquinas e os outros equipamentos, logo era indispensável. Nesta indústria a mais importante inovação foi o da utilização do ferro, que substitui rapidamente os outros materiais devido à sua resistência. A metalurgia era o mais importante sector industrial, ultrapassando assim o têxtil.Outro importante desenvolvimento foi o aparecimento da máquina a vapor, idealizada pelo engenheiro escocês James Watt. Com o aparecimento desta energia, a primeira artificial de sempre, transformações ocorreram no sector industrial e dos transportes. Tanto servia para mover máquinas industriais, como era muito importante para os meios de transporte. Uma máquina vapor realizava o trabalho de vários homens, fazia com que fosse possível as viagens serem mais rápidas, económicas e seguras, e a mercadoria transportada podia ser em maior número e mais pesada. A maquinofactura substituíra assim a manufactura. Antes praticava-se o Domestic System (manufactura) em que o local de trabalho era a oficina, os trabalhadores eram os artesoes, as fontes de energia eram a água, a força muscular e o vento e os instrumentos usados eram as ferramentas. A produção era pequena mas a qualidade elevada. Após a revolução industrial praticava-se o Factory System (maquinofactura) em que o local de trabalho eram as fábricas, os trabalhadores eram os operários, a principal fonte de energia era a do vapor, conseguida através do carvão e os instrumentos eram as máquinas. A produção era elevada sendo que, à medida que a quantidade aumenta, a qualidade diminuía. Surgiu assim a Burguesia Industrial, uma nova classe extremamente rica, estando no topo da sociedade e da politica.

As "Cidades Industriais" e o Trabalho Fabril

Como resultado da Revolução Industrial – em conjunto com a Agrícola – surgiu também o Êxodo Rural, sendo que os camponeses iam para a cidade à procura de trabalho e melhores condições de vida, o que não acontecia. As pessoas que vinham dos campos habitavam agora em sótãos ou caves deixadas pela burguesia ou outras classes que tinham ascendido socialmente. Essas habitações encontravam-se nas denominadas “Cidades Industriais” onde as condições de vida eram deploráveis e a água e o ar estavam extremamente poluídos pelos fumos e resíduos provenientes das fábricas. As terras eram retalhadas em demasia e as ruas eram estreitas, mal iluminadas pois os edifícios eram altos e não deixavam a luz do sol entrar, não tinham qualquer tipo de pavimentação, eram sujas e escuras, confusas e ruidosas, e também demasiado perigosas, sendo que existia prostituição, bandidagem, mendicidade e alcoolismo. Nas cidades existiam também diversas doenças respiratórias e, a mais grave de todas, a tuberculose. Essas pessoas trabalhavam nas fábricas, sendo que as primeiras tinham más condições e eram muito perigosas, existindo na altura variados acidentes devido a inexperiência perante o uso da maquinaria. Nas fábricas o trabalho era cansativo, existiam más condições de trabalho, poucos intervalos para descansar, podiam acontecer danos físicos permanentes e o trabalho feminino e infantil era pouco renumerado em relação ao masculino. Nesta altura o trabalho das crianças era bem aceite pela população, sendo as mesmas necessárias nas fábricas pois quando alguma máquina avariava, devido à sua pequena estatura, poderiam resolver logo o problema. Era também frenquente serem limpa-chaminés.

A Inglaterra era agora uma potência dominada pela maquinaria, que a revolucionou em relação a muitos factores. Percebe-se assim a célebre frase que foi proferida em relação a toda esta Hegemonia no sector Industrial: “ A Inglaterra é a oficina do mundo.”.

sábado, 19 de março de 2011

Hegemonia Inglesa - Revolução Agrícola

A partir da segunda metade do séc. XVII e até aos inícios do séc. XX, a Inglaterra foi a potência mundial com mais esplendor económico, o centro da Economia Mundo. Inúmeras condições, a todos os níveis, resultaram na sua superioridade perante os outros países. Era, sem margem para dúvidas, a nação com mais prosperidade económica, devido ao sector agrícola, industrial, comercial, bancário, entre outros. Durante os próximos posts falaremos das razões que ditaram a sua íncrivel Hegemonia.

Em primeiro lugar, existiram os progressos agrícolas - Revolução Agrícola. Se em países como a França existia somente a política mercantilista e a agricultura era esquecida, na Inglaterra aparecia uma nova teoria económica, o Fisiocratismo. Este engrandecia a agricultura, considerando-a a base económica das nações. No século XVII e XVIII, em países como a Inglaterra e a Holanda surgiram novas técnicas e novos instrumentos agrícolas, o que impulsionou a revolução que traria importantes consequências para o crescimento demográfico e para o comércio. Esta revolução começou na Inglaterra, onde os senhores das terras que possuíam extensas propriedades – os landlords – iniciaram um conjunto de mudanças proveitosas para o desenvolvimento da agricultura inglesa. A nobreza rural alargou ainda mais as suas propriedades, através de terras comunais ou da compra a pequenos proprietários que se encontravam na falência sendo estas exploradas para o trabalho agrícola ou para a criação de gado. Os denominados openfields (campos abertos, sem vedações, ainda com a técnica do pousio) passaram a enclosures (campos fechados, com vedações, sem pousio). Apareceram novas técnicas agrícolas e métodos de cultivo inovadores, como o afolhamento trienal ou quadrienal, que evitava o pousio e renovava a terra, alternando as colheitas de cereais com as de leguminosas e também cultivando as plantas forrageiras como o nabo e o trevo. Outra inovação foi a drenagem de campos. Os dito cujos eram drenados através de calcário ou argila, que os secava, nascendo dos antigos pântanos terras férteis propicias à agricultura. Também bosques e florestas foram dizimados para serem utilizados como terrenos agrícolas. Introduziram-se novas culturas, passando-se a fazer a selecção de sementes e das cabeças de gado. A criação de gado era essencial nas novas praticas agrícolas. Como não existiam adubos químicos, o estrume dos animais era o fertilizante mais utilizado. Serviam também para o comércio a sua carne, o seu pelo e o seu leite. Alimentavam-se das forragens de nabo, feno, trevo, entre outras culturas. As forragens eram cultivadas essencialmente para aproveitar os solos e para alimentar os animais. Outra inovação foi o cruzamento dos animais reprodutores mais fortes para assim originar cabeças de gado mais resistentes. A introdução da maquinaria na agricultura foi essencial para todo este progresso. Os instrumentos, anteriormente elaborados a partir da madeira, passavam agora a ser feitos de ferro, o que os tornava mais resistentes e mais facilmente manobráveis. Também novas máquinas foram introduzidas como a máquina de debulhar.

Como conseguimos perceber, a Revolução Agrícola está inteiramente relacionada com a Revolução Industrial, que abordaremos mais à frente. Toda esta maquinaria existente levava a que o número de mão-de-obra necessário diminuísse, o que resultava no êxodo rural. A população havia aumentado em larga escala e como a mecanização dominava agora o sector agrícola, as pessoas dirigiam-se para as cidades, à procura de trabalho. A Revolução Agrícola levou a um aumento considerável da produção, originando assim um Crescimento Demográfico. Existiam mais produtos agrícolas devido às novas técnicas, logo, existia mais abundância e consequentemente maior poder de compra por parte da população, devido à descida dos preços. Os corpos tornavam-se mais resistentes às doenças e a mortalidade diminuía. Contudo, a natalidade continuava alta, o que causava um crescimento demográfico considerável. Como referimos anteriormente, sem dúvida que esta revolução se apoiou na Revolução Industrial e vice-versa. Explicaremos a mesma no próximo post.

Monarcas e Teóricos Absolutistas

Finalmente, para terminarmos com o tema do Absolutismo Régio, uma de nós prestou-se a realizar um resumido vídeo sobre alguns monarcas e teóricos absolutistas. Esperamos que o mesmo seja útil.

Instrumentos e limitações do Poder Absoluto

Agora abordaremos alguns aspectos do Absolutismo, nomeadamente os instrumentos para controlar o mesmo, as suas limitações e os deveres de um monarca magnificente.

Os Instrumentos do Estado Absoluto
Começaremos pelo primeiro ponto apresentado, os instrumentos. O Estado Absoluto necessitava, sem margem para dúvidas, de diversas formas para controlar o poder. Apesar de o poder residir na figura monárquica, eram necessários instrumentos para apoiar o mesmo, senão o caos seria permanente. Em primeiro lugar, existia uma grandiosa Máquina Burocrática. A mesma garantia a aplicação dos éditos e fazia com que todos se submetessem às ordens régias. Além dos pontos apresentados, era uma estrutura fortemente hierarquizada e essencial para controlar o poder em todas as regiões. Em segundo lugar existia toda uma fiscalidade constante e minuciosa. Existiam impostos gerais que garantiam a existência de um Rei exuberante e de uma corte à sua altura, sendo o pagamento dos mesmos fortemente fiscalizados, isto para nada faltar aos monarcas. Em último lugar existia a denominada venalidade dos cargos. Num regime Absolutista, onde nos era apresentada uma sociedade de ordens, a ascensão aos cargos não era realizada face ao nível de instrução possuída. Os oficiais régios apenas ascendiam a estes cargos se fossem indicados pela pessoa que libertasse o mesmo. Teriam ainda de desembolsar uma determinada quantia. Isto numa primeira fase, sendo que, seguidamente, os cargos passaram a ser transmitidos de forma hereditária.

Limitações do Poder Absoluto
Apesar de a soberania residir na figura do monarca, este não poderia controlar tudo como desejava, existindo limitações estabelecidas que o mesmo teria de cumprir. Era estritamente proibido alienar os bens públicos e as leis gerais do reino. O monarca teria ainda de respeitar a ordem de sucessão ao trono, sendo o primogénito, o filho varão, o seu legitimo sucessor (aplicação da denominada Lei Sálica). Nunca o Rei poderia por outro no seu lugar que não o seu filho varão, só se algo acontecesse ao mesmo ou se o monarca não tivesse descendentes. Além das limitações, o soberano detinha um conjunto de deveres. Deveria manter a ordem e exercer a justiça de igual modo para todos. Detinha a função de organizar a defesa do seu país, controlar a economia do mesmo e fazer-se obedecer, por todos os meios. O fim é que interessa. Por último, sendo Rei por vontade de Deus, sendo sagrado, tinha de prestar contas ao mesmo. Por todos estes motivos e outros, os monarcas, como Luís XIV na imagem, consideravam que ser Rei, mais do que um privilégio, era um tremendo fardo.