sábado, 14 de maio de 2011

Rivalidades Imperialistas

Existiam diversas rivalidades entre as potências industrializadas, o que não seria de estranhar pois o objectivo de cada uma era ser a melhor.

Uma dessas rivalidades imperialistas teve como protagonistas a nação francesa e o Império Alemão. O principal problema entre ambas era o facto da Alemanha ter conquistado a Alsácia e Lorena à França, um importante território para a mesma. Também o desenvolvimento alemão fez com que a nação francesa perdesse imensa da sua preponderância a nível económico que detinha na Europa. O Império Alemão estava a fazer com que a França ficasse para trás, o que não era em nada agradável. Contudo, a última conseguiu apoderar-se de importantes territórios em África, nomeadamente o Norte.

Existia de igual modo uma rivalidade entre o Império Russo a potência japonesa. Os russos detinham uma ambição extremamente forte sobre o mundo Oriental, o que colidiu com o Imperialismo japonês. Esta rivalidade provocou uma guerra entre ambas as potências (1904-1905) da qual sau vitoriosa a potência asiática. O Império Russo detinha de igual modo problemas com o Império Austro-Hungaro, devido à disputa pelos territórios Balcãs.

Com tudo isto vivia-se um autêntico clima de paz armada, isto é, qualquer potência estava rapidamente pronta a atacar. Surgiram assim alianças:

- Dupla Aliança - Império Alemão e Império Austro-Hungaro. Foi a primeira, no ano de 1879.

- Triplice Aliança - Às referidas acima junta-se a Itália (1882).

- Triplice Entente - Grã-Bretanha, França e Império Russo (1907).

As potências faziam de tudo para se protegerem, inovando o seu armamento. Nos balcãs, em Marrocos, no Sudeste africana e no Oriente, o clima de tensão era enorme. A primeira Guerra Mundial não tardou a surgir, tendo começado entre o Império Austro-Hungaro e a Sérvia. Os problemas começaram quando o primeiro anexou a Bósnia-Herzegovina, território desejado pela Sérvia, no ano de 1908. Seis anos mais tarde, o herdeiro ao trono da Austria-Hungria foi assasinado em Saravejo e as suspeitas recairam sobre a Sérvia, devido ao sentimento de derrota que haviam sentido. Assim, o imperador da Austria- Hungria, Francisco José, declarou guerra à Sérvia. Tem ínicio a primeira Guerra Mundial que trará muitas modificações para a Europa principalmente, visto que, por exemplo, no final da mesma, a potência inglesa perde aa sua hegemonia para os EUA.



Finalizamos assim o nosso trabalho sobre o Imperialismo e Colonialismo levados a cabo pelas potências europeias no século XIX. As fontes encontram-se no último post sobre a 2ª revolução industrial. A Europa dominava, com certeza, o mundo.

O Ultimato


A nação portuguesa apresentou na Conferência de Berlim uma proposta, nomeadamente o mapa cor-de-rosa. Na mesma Portugal ficava com a posse de Angola, Moçambique e o Chire. Contudo, esta proposta em nada agradou a potência britânica, mas Portugal não estava preparado para ceder. Tudo isto devido ao projecto de Cecil Rhodes. Este havia criado um ambicioso projecto, nomeadamente, uma linha férrea que unisse o Cairo ao Cabo e que traria inúmeras vantagens para a Grã-Bretanha, por exemplo, no transporte de matérias-primas. Como Portugal não cedia, a potência britânica não se acanhou de fazer um ultimato ao mesmo. O mesmo era de uma simplicidade notória: ou Portugal cedia ou um navio inglês atracado em Vigo atacaria o território português e seria declarada guerra ao mesmo. Portugal não tinha quaisquer hipóteses. Em primeiro lugar, Inglaterra era a sua maior aliada e a principal ajuda para o seu desenvolvimento industrial, nomeadamente pelos empréstimos que os seus bancos concediam. Além de não poder perder isso, Portugal não tinha condições para combater a frota inglesa e a derrota seria praticamente certa se tal acontecesse. O rei português D. Carlos cedeu quase imediatamente. Posteriormente, a linha prevista por Cecil Rhodes acabou por não se concretizar.

E depois da Conferência de Berlim?

Alguns anos após esta ocupação, a preocupação em civilizar a população africana mantinha-se. Por um lado existiam aqueles que concordavam que a mesma era proveitosa para os africanos. Por outro, alguns apenas acreditavam que as potências europeias tinham levado os seus vícios e impostos para solo africano e pouco mais. Contudo, África era agora um continente em fase de exploração. Matérias-primas como o marfim eram imensamente utilizadas, europeus imigravam para África tendo em vista o enriquecimento e os meios de transporte encontravam-se mais desenvolvidos. Além disso, apesar de existirem diversas fases de civilização, alguns já sabiam falar inglês, vestir-se como os europeus, servir como na Europa, entre outras aptidões. Com isto continuava a coexistir o naturalismo, através dos nativos que dificilmente se deixavam civilizar. África era um continente totalmente em mãos europeias.

África - Conferência de Berlim

África era um dos territórios que trazia inúmeras vantagens às potências europeias. Era um continente subaproveitado pelo povo português, isto é, pouco os mesmos fizeram para aproveitar a riqueza que África proporcionava. Além disso detinha inúmeras matérias-primas e servia como mercado de escoamento. Servia também para enviar o excedente populacional na Europa. Outra das razões foi a necessidade de mão-de-obra. E porque ir até a solo africano se havia excedente populacional na Europa? No continente europeu haviam surgido os sindicatos, que reivindicavam direitos que os patrões viam como prejudiciais ao seu lucro. Assim, como a mão-de-obra africana não era exigente e ainda era dócil, a vontade de aproveitar a mesma era elevada.

Após a análise de todas estas vantagens que este continente trazia, o Chanceler alemão Bismarck convocou a denominada Conferência de Berlim (1884-1885). Bismarck convocou as grandes potências europeias da altura, nomeadamente a Inglaterra, a Bélgica, a França e outras. Além das mesmas foi convocada a nação portuguesa pois a mesma possuía direitos históricos sobre o continente africano. Esta Conferência detinha um simples objectivo: dividir África entre as potências europeias industrializadas, o que acabou por acontecer. Os chefes dos Estados europeus dividiram o território sem ter em conta sequer as fronteiras dos povos que lá habitavam e concretizaram o seu domínio a nível político, económico, militar e cultural. Portugal ainda tentou defender os seus interesses mas foi em vão visto que existiam interesses económicos demasiado altos e a sua falta de prestígio e a seu estado de pré-bancarrota em nada contribuíam para a sua afirmação. Além disso, para afastar ainda mais Portugal, as potências europeias estabeleceram o princípio de ocupação efectiva, isto é, as potências europeias deveriam ser capazes de assegurar os territórios e de os manter em constante desenvolvimento. Após a Conferência de Berlim, apenas a Etiópia e a República da Libéria não foram possuídas pelos europeus. Na segunda imagem apresentada neste post, nomeadamente uma caricatura, podemos ver os chefes de Estado das potências europeias e Bismarck, de pé, com uma faca na mão pronto a repartir África entre os mesmos como se de um simples bolo se tratasse.

Imperialismo e Colonialismo

Nos finais do século XIX o domínio europeu sobre o Mundo era incontestável. As grandes potências europeias detinham vastos impérios a nível mundial. A Grã-Bretanha possuía territórios na Índia, Austrália, Canadá e na China – nomeadamente, Hong Kong. O Império Alemão detinha territórios em África e exercia influência na Ásia Menor e na América. A França detinha territórios em África, Ásia e America e a Rússia era detentora de províncias como a Geórgia, o Azerbaijão e Extremo Oriente. Este domínio europeu sobre outros países ficou conhecido como Imperialismo – Domínio que um Estado exerce sobre outros países, a título político, militar, económico e cultural. Este Imperialismo detinha quatro facetas principais: conquista territorial e colonialismo; controlo de países independentes menos desenvolvidos; estabelecimento de protectorados e concessões – controlo económico apenas. Países que protagonizaram tudo isto, além dos referidos anteriormente, foram a Bélgica, a Itália, o Japão e os Estados Unidos.

Porquê?

É de questionar porque as potências europeias, tão enriquecidas e desenvolvidas, se debruçaram sobre a conquista de novos territórios. Contudo, indo até ao fundo da questão não é difícil de entender. Em primeiro lugar uma motivação relacionada com o tema anteriormente em análise – a 2ª revolução industrial. Como referido no último post sobre a mesma, as potências europeias necessitavam de matérias-primas e de novos mercados para escoar os seus excedentes. Em segundo lugar, a população em solo europeu era em maior número do que o mesmo podia suportar. Era necessário aliviar a pressão demográfica enviando para outros continentes o resultado da explosão populacional. Em terceiro lugar, o nacionalismo acabava por carregar aquele ideal de conquista, aquele ideal que faz com que as populações pensem que o seu país é o mais grandioso, logo, tem todo o direito de possuir novos territórios – ideais como o pangermanismo e pan-eslavismo. Em último lugar, investir naquelas terras, atrasadas, era visto como uma nova forma de enriquecer. Devido a todos estes factores não é de estranhar o gosto pela conquista. Esta conquista era apoiada em ideais se superioridade do povo europeu em relação ao que iria ser colonizado. O primeiro teria de civilizar o segundo.

Dinamismo Comercial

Os progressos sentidos ao longo do século XIX fizeram com que o comércio à escala mundial crescesse a um ritmo considerado completamente alucinante. Os caminhos-de-ferro são agora muito mais elaborados, os transportes fazem a mercadoria chegar mais rapidamente, as trocas são completamente intensificadas. A potência inglesa domina este fluxo de trocas, graças à sua imensa frota mercante, sendo que a Alemanha, a França e os EUA se encontram mesmo atrás. As grandes potências europeias tornam-se as fábricas do mundo, isto é, a sua produção industrial corresponde a 70% da mundial. As diferenças entre os países desenvolvidos industrialmente e os que se encontram atrasados são enormes, é um sistema de trocas tremendamente desigual. Contudo, as potências necessitam de obter matérias-primas e de encontrar novos mercados para escoar os seus produtos. Assim rumam até aos países mais atrasados para obter o que desejam. É neste contexto que as potências europeias voltam a focar as suas atenções no continente asiático e africano – mais no último. Assim, surge a necessidade de colonizar esses territórios, para os aproveitar. É neste contexto que surge o colonialismo, próximo tema a tratar no blog. A segunda revolução industrial foi, sem margem para dúvidas, uma tremenda e enorme expansão da primeira. As nações encontram-se cada vez mais desenvolvidas, o Mundo encontra-se em progresso.

Terminamos por aqui a reflexão sobre a 2ª revolução industrial. Deixamos abaixo as fontes utilizadas, tanto neste tema como nos anteriores.

- Manual "O Tempo da História", do 11ºano, da autoria de Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas.
- Apontamentos das aulas e disponibilizados pela nossa professora.
- Imagens encontradas através de pesquisa.

Livre-cambismo

A corrente livre-cambista, apesar de muito rejeitada, quer por políticos e industriais, – preferiam o proteccionismo, onde poderiam proteger as suas mercadorias e a produção nacional – encontrou um forte apoio em território britânico. O livre-cambismo consistia num sistema que liberalizava as trocas comerciais. Neste sistema o Estado não pode intervir e não existem pautas alfandegárias nem contingentes. Segundo os ideais desta teoria, a liberdade comercial era essencial para assegurar o desenvolvimento e o enriquecimento a nível mundial pois as nações seriam obrigadas a produzirem diversos produtos e a tornarem os mesmos incríveis com vista a vencerem os produtos importados de outras potências. Assim, a indústria e o comércio iriam-se manter em constante desenvolvimento. Também deveriam produzir o que fosse compatível com as condições naturais da sua população. Existiria assim a máxima da especialização por todo o Mundo. Apesar de muito contestadas, estas ideias acabaram por entrar em vigor quando Sir Robert Peel se tornou chefe do governo britânico, no ano de 1841, e começou por reduzir a pouco e pouco as pautas alfandegárias. Influenciadas pela potência britânica, as restantes potências europeias acabaram por aderir a este movimento livre-cambista, que dominou a Europa entre 1850-1870. Estendeu-se de igual modo aos EUA.

Crises Cíclicas

O livre-cambismo acabou por trazer diversos problemas para as nações que começavam agora a sua industrialização. As mesmas já se encontravam atrasadas e o facto de se encontrarem rodeados de produtos de grandes potências europeias, com as quais não podiam competir nem internamente, só veio piorar o grande problema que já tinham. Contudo, até nas nações desenvolvidas o ritmo da economia era abalado pelas denominadas crises cíclicas. No power point realizado por ambas mostraremos como e porque acontecia uma crise cíclica.

Afirmação de novas potências

O tema anteriormente tratado no blog concentrava-se na Hegemonia Inglesa vivida a partir da segunda metade do século XVII. A sua supremacia manteve-se até ao final da 1ª Guerra Mundial, quando perde a hegemonia para a sua antiga colónia, os EUA. Contudo, em variados sectores, a hegemonia britânica foi perdida para outras potências europeias. A potência inglesa encontra adversidades ao tentar acompanhar o avanço tecnológico e ao melhorar as suas fábricas antigas. O equipamento industrial inglês já não era o mais avançado do mundo, sendo ultrapassado, por exemplo, pela maquinaria alemã. Afim de abordarmos a afirmação industrial das nações europeias, elaboramos um pequenos power point em que apresentamos alguns pontos sobre as mesmas.

Concentração Bancária e Industrial

Os bancos foram importantíssimos para o desenvolvimento industrial no século XIX. Eram eles que garantiam o movimento dos montantes provenientes do comércio internacional e permitiam a expansão das indústrias, graças aos empréstimos concedidos. Na segunda metade do século XIX surge uma drástica diminuição do número de bancos isto porque as grandes instituições compraram as pequenas, com vista a criarem uma rede de sucursais a nível nacional ou internacional e obterem mais lucro. Os bancos, como referido primeiramente, entregavam à Indústria um grande apoio, quer na concessão de capitais como na ajuda que proporcionavam à mesma durante uma crise. As indústrias encontravam-se assim dependentes do capitalismo financeiro, ou seja, as entidades bancárias controlavam as grandes indústrias e o grande comércio. Como bancos importantes na altura podemos referir o Banque de Paris et des Pays Bas e o Deutsch Bank.

Partimos agora para a concentração industrial. Com a forte Industrialização em toda a Europa as fábricas rapidamente assumiram o controlo, destruindo a manufactura. Encontrávamos-mos na era da maquinofactura. A produção era agora realizada nas fábricas, sítios tremendamente especializados e onde a produção era elevada. Existia uma maquinaria incrível e a diferença entre o patronato e o operariado era enorme. Além disso ocorria a massificação e estandardização dos produtos, o que originava o consumo de massa, uma concentração geográfica, técnica e de mão-de-obra. Durante o século XIX as fábricas transformaram-se em enormes empresas, com sucursais e variadas ramificações, quer a nível nacional como internacional.

Esta concentração industrial carrega no acelerador na segunda metade do século, devido à inovação tecnológica que torna a empresa mais forte e capaz de resistir a crises cíclicas. Surgem dois tipos de concentração industrial: Concentração horizontal – associação de empresas que fabricam o mesmo produto, com o objectivo de evitar a concorrência – e Concentração vertical – integração de todas as fases do fabrico de um produto na mesma empresa, desde a matéria-prima. Todos estes processos e inovações citados levaram a um desenvolvimento incrível das indústrias. Resumidamente, em primeiro lugar aumentava-se a produção. Em segundo lugar passava-se à anexação de indústrias, quer em concentração horizontal, quer em concentração vertical. Por último, as indústrias, agora consideradas gigantes, internacionalizavam-se. Passavam-se assim a denominar de monopólios. Não é de estranhar o enorme dinamismo industrial vivido na altura.

Contudo continuavam a existir técnicas e sistemas de produção antigos e rudimentares. No mundo rural mantiveram-se as práticas antigas e os camponeses continuavam com direitos comunitários, sendo que se agarravam aos mesmos, reagindo mal às inovações agrícolas. Apesar de todo o progresso em torno destes, os habitantes do meio rural persistiam em praticar agricultura como forma de subsistência. Também na Indústria, apesar de todas as transformações, o artesão continua a existir, pois produz para os mais selectivos.

Racionalização do trabalho

Os empresários, devido ao aumento da concorrência, tinham dois objectivos máximos – produzir com qualidade e a baixo custo. É neste contexto que nos surge o Taylorismo, nomeadamente, na obra “Princípios de Direcção Científica da Empresa” da autoria do seu criador, F.W.Taylor - na imagem. Este método trabalho consistia num sistema em que existia a divisão de tarefas e o funcionário deveria deter especialização na que estava a realizar. A cada um cabia somente uma tarefa. Na fábrica surgia o cronómetro devido ao facto de existir toda uma cadeia de produção. Os produtos deveriam ser realizados num curto e especifico tempo e passar rapidamente ao funcionário seguinte para ele elaborar a sua tarefa. O tempo encontrava-se articulado entre todos de maneira a que a produção nunca parasse. Em relação ao controlo do tempo existiam os turnos e um conjunto de capatazes que faziam de tudo para que os funcionários elaborassem a sua função o mais rapidamente possível. Além disso os períodos de almoço eram muito pequenos. De toda esta maquinação dos funcionários resultava uma produção maciça de objectos iguais, completamente estandardizados. Contudo, apesar de se tratarem os funcionários como máquinas e todos outros problemas envolvidos em torno deste método, os produtos em termos de qualidade, preço e quantidade agradavam em muito o mercado de massas. Assistimos assim a uma massificação dos produtos.

O primeiro a por em prática este método foi Ford, da Indústria automóvel, acabando por melhora-lo. Para a produção do seu Modelo T, no ano de 1913, além de aplicar o Taylorismo na sua fábrica, Ford acrescentou uma linha de montagem. Os operários não se moviam sequer, sendo que os tapetes rolantes faziam chegar aos mesmos as peças que estes tinham de trabalhar. Agora sim, este método parecia transformar o conjunto de funcionários numa enorme máquina industrial. O tempo de produção diminuiu consideravelmente. Ford conseguiu assim a máxima especialização e diminui o custo dos produtos, aumentando o salário aos seus trabalhadores, como forma de incentivo, melhorando assim a qualidade de vida dos trabalhadores.

Contudo, tanto o taylorismo como o fordismo foram fortemente criticadas, afirmando-se que tratavam humanos como máquinas, retirando a dignidade aos mesmos, entre outras críticas. Estas concepções de como trabalhar levaram a uma massificação e estandardização dos produtos, que levavam ao consumo de massas e conduziam ao progresso económico.

Desenvolvimento dos transportes

Tal como acontecera na primeira revolução industrial, na segunda também os transportes sofreram novas alterações. Estes foram mais do que essências à industrialização. O crescimento económico não podia estagnar, logo, tornava-se mais do que necessário existir uma maneira rápida, económica e segura para transportar as matérias-primas para as fábricas, como os produtos já elaborados pelas mesmas para o comércio. Assim, os meios de transporte tiveram de acompanhar todas estas inovações tecnológicas, não podiam perder o ritmo.

O comboio era um desses transportes essenciais. Aparecido em 1830, as vias férreas compreendiam agora uma extensão monstruosa. A rede ferroviária na Europa era incrivelmente densa e demonstrava a forte industrialização vivida na Europa. Os progressos da mesma eram diferenciais das nações desenvolvidas, como Inglaterra, para as nações que começavam agora a ter as suas primeiras vias férreas, como Portugal. Esta rede compreendia uma forte densidade nos países industrializados pois era necessário que a produção nunca parasse de circular, logo, eram necessários investimentos nos transportes. Tudo isto acontecia nestas nações para se dar o escoamento dos seus produtos e a chegada das matérias-primas ser mais rápida, como referido no início do texto. Contudo, a estas ajuntava-se agora a necessidade de rentabilizar os investimentos ocorridos quer no fabrico dos produtos como nos transportes. Alcançava-se então o objectivo traçado, isto é, as viagens tornavam-se mais rápidas, baratas e seguras e mercadorias maiores eram mais facilmente transportadas. Todo este desenvolvimento das vias férreas e do comboio foi marcado também pela indústria siderúrgica, nomeadamente pelo aço, um dos componentes do mesmo.

Em relação aos transportes marítimos, os mesmos também sofreram diversas alterações. Os navios a vapor foram desenvolvidos, surgiu o ferryboat e as grandes empresas marítimas apareceram na mesma altura. Nomeadamente importante foi a navegação a vapor, que movimentou enormes capitais.

Surgiu de igual modo o automóvel, devido ao motor de explosão, em 1880. Com o mesmo surgiram grandes marcas como a Renault, a Benz, a Fiat e outras. Estas deram origem à indústria automóvel que depressa se tornou uma das mais poderosas, movimentando avultados capitais e empregando inúmeros funcionários. Em relação à aviação, Wright conseguiu voar com um motor a gasolina e hélice e os Voison desenharam um biplano e Blériot um monoplano. Contudo, a aviação não registou muitos progressos nesta altura. Por último, um importante meio de transporte foi a bicicleta. Esta era uma forma de deslocamento acessível a todas as classes sociais, o que fez com que alcançasse uma enorme popularidade.

Novos sectores industriais e fontes de energia

Novas fontes de energia

Se na primeira revolução as principais fontes de energia foram o carvão o vapor, na segunda surge-nos o petróleo e a electricidade. No âmbito da descoberta de novas técnicas de refinação, novos horizontes foram descobertos para o aproveitamento do petróleo. Primeiramente, o mesmo era utlizado para pequenas coisas, como lubrificante e combustível. A sua verdadeira potencialidade foi apenas descoberta aquando do aparecimento do motor de explosão. Os derivados do petróleo tornam-se os verdadeiros combustíveis do futuro e o mesmo assume um papel fulcral nos transportes. Inicia-se de igual modo o aproveitamento da electricidade, devido a inúmeras invenções que permitiram a sua produção e transporte. Em relativamente pouco tempo a electricidade substitui o gás na iluminação privada e pública. Aparecem invenções derivadas da mesma como o carro eléctrico, o metropolitano e a lâmpada de filamentos - na segunda imagem, a primeira, inventada por Thomas Edison. Devido à iluminação nas ruas, anteriormente sombrias, o perigo nas mesmas diminuiu, as pessoas podiam trabalhar até mais tarde o convívio entre as mesmas também sofreu uma melhoria. Devido á nova concepção de transportes deixaram de se utilizar os transportes urbanos de tracção animal. Foi uma das maiores conquistas da era industrial, assim como o petróleo. Apesar da contínua utilização do carvão e vapor, estas acabara por assumir um papel de destaque.

Novos sectores industriais

Se a primeira revolução industrial se apoiou na Indústria têxtil e metalúrgica, a segunda revolução investiu na indústria química e siderúrgica, essencialmente. Estes eram considerados sectores de ponta. A referida primeiramente foi a verdadeira indústria base de todo este desenvolvimento ocorrido. Ela forneceu uma vasta gama e novos produtos que impulsionaram mudanças sociais. Através da química surgiram os medicamentos - como a aspirina, na imagem, da empresa Bayer -, os corantes, os fertilizantes, os pesticidas e muitos mais. Além disso forneceu componentes essenciais a outros sectores. Relacionada com a Indústria Química surge-nos a Indústria Alimentar. A última origina o nascimento da congelação, das latas de conserva, dos caldos, – consumidos pela população mais pobre – entre outros.


Contudo, o sector mais importante da 2ª revolução industrial foi o siderúrgico. Era a indústria de ponta nessa altura, a essencial para o desenvolvimento. Este fornecia máquinas, carris, locomotivas e outros aparelhos essenciais para as industrias e não só. O verdadeiro impulsionador da indústria siderúrgica foi o aço. Quando Bessemer descobre um conversor capaz de transformar o ferro em aço - na imagem acima - e uma forma rapida e barata, este tonou-se uma matéria essencial para este sector. Mais duro e, ao mesmo tempo, mais plástico que o ferro, as potencialidades do aço alargam o mercado para esta indústria, quer na produção de bens de consumo como na área da indústria pesada. O desenvolvimento do sector siderúrgico levou a alterações nos meios de transporte. O aço foi o principal responsável por esse desenvolvimento, sendo que, entre 1870 e 1914 a produção de minério de ferro aumentou espantosamente a nível mundial, nomeadamente nos EUA, principal produtor, favorecido pelas suas vastas jazidas. No próximo post falaremos sobre esta nova revolução nos transportes.

Ligação Ciência- Técnica

Uma das principais características que permitiu toda esta expansão foi a ligação entre a Ciência e a Técnica. A ligação não era em nada complexa. A técnica lançava apelos à ciência para esta a melhorar ou superar. Por sua vez a ciência originava novas técnicas. Ou seja, quando uma progredia, a outra progredia de igual modo. Era uma interdependência. Esta ligação surgiu principalmente por necessidade industrial. Por um lado as máquinas industriais eram imensamente complexas, o que levava a que para se saber trabalhar com as mesmas fosse necessário um elevado nível de conhecimento. Por outro lado, os empresários começaram a investir na investigação com vista a encontrar novos produtos para assim vencer a concorrência, cada vez maior entre as empresas europeias do mesmo ramo. As grandes empresas já não passavam sem investir avultadas quantias na investigação tendo sempre como objectivo vencer a concorrência e conquistar o mercado internacional.



Perante isto surgem firmas e empresas dedicadas à investigação - como a da imagem, a BASF -, sendo que, as descobertas passam a ser de uma comunidade científica e não só de uma pessoa apenas. Os institutos e as universidades também contribuem, ao formar técnicos para essas mesmas empresas. As empresas de investigação descobrem novos produtos – (que impulsionam a economia ao serem consumidos pela população e mudam mentalidades da mesma), aperfeiçoando as técnicas antigas que conduzem ao desenvolvimento tecnológico. Isto leva a um crescimento demográfico e a uma melhoria das condições de vida da população (por exemplo, maior numero de postos de trabalho nos laboratórios). Por sua vez, todo este aparecimento de novos produtos, resulta em progressos cumulativos, isto é, novos desafios que resultam entre a ligação ciência-técnica. Cada avanço dá origem a mais questões. Todo esse progresso tecnológico nunca antes visto levou a uma 2ª revolução industrial, a um desenvolvimento sem paralelo. O mundo caminhava para se tornar um paraíso industrial.

Expansão Industrial - Introdução



Após todas as inovações efectuadas na 1ª Revolução Industrial, em meados do século XIX sucedeu a 2ª Revolução industrial. Esta acaba por ser uma expansão da primeira, abordada anteriormente no blog no âmbito da Hegemonia Inglesa. Se na primeira revolução assistimos à hegemonia Inglesa, na segunda, potências como os EUA e a Alemanha ultrapassaram o país britânico. Surgiu a ligação entre a ciência e a técnica que levou a melhoramentos nos sectores industriais. Surgiam novas fontes de energia, como o petróleo e a electricidade. Os transportes também alcançaram um melhoramento notório. As fábricas debruçaram-se sobre novos métodos de trabalho para os seus funcionários, como o taylorismo, e o livre-cambismo encontrou o seu lugar ao sol, principalmente na Grã-Bretanha. O crescimento da actividade industrial e das trocas é uma consequência de todo este progresso. É de todas estas inovações que falaremos durante os próximos posts. A 2ª revolução industrial mudou o rosto do Mundo.

domingo, 20 de março de 2011

Outros factores propícios à Hegemonia Inglesa

Outros factores propícios à Hegemonia Inglesa

Outras condições que originaram a Hegemonia Inglesa foram as condições políticas, militares, comerciais e ideológicas. O Parlamentarismo defendia o Fisiocratismo e o sistema das enclosures. A defesa desta teoria, levou a uma revolução agrícola que proporcionou imensas consequências favoráveis, nomeadamente o crescimento demográfico e a redução da taxa de mortalidade. Este ponto encontra-se melhor explicado no post da Revolução Agrícola. A promulgação dos Actos de Navegação de Cromwell foi extremamente importante sendo que apenas navios ingleses ou do país de origem do produto poderiam transportar mercadorias estrangeiras para a Inglaterra. Assim, os produtos de países estrangeiros perdiam quase todo o valor junto da populção, enaltecendo os nacionais. Também apenas a marinha britânica detinha o direito de navegação de cabotagem e de transportar para a Grã-Bretanha as mercadorias provenientes das colónias. Com estes actos a Inglaterra destronou a sua principal oponente, a Holanda. A criação de Companhias de Comércio, como a Companhia das Índias Orientais, foi extremamente relevante para a hegemonia inglesa, sendo que a riqueza da última companhia era abundante e a das restantes era de igual modo considerável. As Guerras contra a França e a Holanda, nomeadamente a Guerra dos Setes Anos, foram várias e o país inglês saiu vitorioso de todas, demonstrando assim a sua magnificência. Outro factor extremamente essencial foi a criação da Grã-Bretanha, ou seja, a união de Inglaterra, Escócia e Irlanda, criando um mercado nacional mais alargado e propício à circulação dos produtos. O Tratado de ÉDEN entre Inglaterra e França, foi super relevante. Nesse fica estabelecido que a primeira transporta para a segunda lanifícios e ferragens em condições vantajosas.


Em último lugar, existiram as condições financeiras. A potência britânica detinha um sistema financeiro avançado devido ao seu desenvolvimento económico. Existia a Bolsa de Londres (Royal Exchange), que funcionava desde o final do século XVI. Primeiramente uma instituição privada, pertencia agora ao Estado e nela se contratava a dívida pública e se cotaram as primeiras acçoes da magnificiente Companhia das Índias Orientais. Na mesma existiam títulos de empresas industriais e acções do Banco de Inglaterra. A bolsa londrina era extremamente importante, sendo a responsável pelo alargamento do mercado de capitais. Em 1694 criou-se o Banco de Inglaterra. Este realizava todos as operações imprescendíveis para o comércio e emitia notas. Existiam ainda os country banks que realizavam em diferentes regiões as mesmas operações. Todo este movimento de capitais foi também proprício à Revolução Industrial, anteriormente explicada.

Todas Revoluções e factores apresentados ao longo destes quatro posts conduziram à Hegemonia Inglesa durante longos anos, séculos até. A Inglaterra era considerada a “oficina do mundo” devido ao seu esplendor, às suas inovações. Era o centro do mundo, da Economia, da Industrialização, do Comércio, de tudo. A Hegemonia Britânica era realmente mais do que magnificiente.

Hegemonia Inglesa - Revolução dos Transportes

Revolução dos Transportes

A Revolução do sector dos transportes surgiu devido a imensos factores, nomeadamente devido à revolução industrial e à revolução agrícola. Estes eram necessários para o transporte das matérias-primas e dos produtos para exportação e as viagens deveriam ser cada vez mais rápidas, logo o seu desenvolvimento era crucial para o comércio inglês. Com a criação da comboio movido através da força do vapor, as trocas comerciais sofreram um impulso significativo, sendo que as mesmas eram assim mais rápidas, mais económicas e mais seguras devido à rapidez considerável do comboio em relação aos meios de transporte anteriores. De igual modo a aplicação da energia do vapor aos navios fez maravilhas. Também a criação de túneis e pontes estimularam o comércio britânico, sendo que ligavam todas as regiões inglesas e também as europeias. A rede de estradas foi de igual modo melhorada, sendo ampliada e vendo os seus problemas serem resolvidos. Sendo assim, o comércio nacional não tardou em se expandir, pois as deslocações eram muito mais fáceis e rápidas e as vias de comunicação existentes haviam sido melhoradas. Também o crescimento demográfico da população e da cidade de Londres, a inexistência de alfândegas internas e a união de Inglaterra com a Escócia e a Irlanda, proporcionaram ao mercado nacional um desenvolvimento considerável.

Existiram de igual modo mudanças nos transportes marítimos, sendo construído um vasto conjunto de canais devido à rede hidrográfica vantajosa que possuíam. Esses canais facilitavam o comércio das mercadorias mais pesadas, o que era uma grande vantagem. Foram construídos grandes navios com casco de ferro, hélice e feitos de metal, movidos a vapor, que melhoravam ainda mais as condições de transporte das mercadorias no comércio intercontinental e colonial.

O mercado externo

Era dos mercados intercontinentais que os ingleses retiravam os maiores proveitos. Através dos navios de grande porte e resistência, a partir dos portos britânicos como os de Liverpool, Londres ou Bristol, praticava-se o denominado comércio triangular, sendo que os navios deixavam produtos como armas de fogo, tecidos e bebidas, como o rum, nos portos acima referidos, seguindo para África onde iam buscar os escravos que eram a mão-de-obra para as Américas, para onde iam seguidamente e de onde retiravam as denominadas produções tropicais que revendiam no comércio europeu. Tudo isto proporcionado pelo desenvolvimento dos transportes. Criaram-se varias companhias marítimas, como a Red Star Line, sendo a mais importante e mais rica a Companhia das Índias Orientais. Esta trazia dos países Orientais produtos luxuosos extremamente apreciados na Europa, controlando também o território e sendo a única proprietária das rotas e tráficos orientais. Também controlavam a agricultura asiática, dando produções limite aos agricultores e também impondo-lhes impostos e taxas. Por ultimo existiam as Country Trades – trocas locais – e os China Ships. As Country Trades eram basicamente o controlo exercido pelos ingleses entre as trocas comerciais entre países asiáticos. Já os China Ships era comércio realizado com a China em que o produto mais importado era o chá de Cantão, muito apreciado na Inglaterra, entre outros como as sedas. Assim, a revolução dos transportes contribui em larga escala para a afirmação do mercado inglês, quer interno, europeu, colonial ou intercontinental.

Hegemonia Inglesa - Revolução Industrial

Revolução Industrial

Outro dos factores que contribui em larga escala para a hegemonia inglesa foi a Revolução Industrial. Esta revolução iniciou-se em Inglaterra na segunda metade do século XVIII devido a inúmeros factores, influenciando a Revolução Agrícola, abordada anteriormente. Em primeiro lugar, o país inglês detinha ricos depósitos de ferro, carvão e água, o que se demonstrou essencial. Também as colónias eram ricas em matérias-primas, destacando-se nomeadamente a importância do algodão. Outros factores existentes foram as condições políticas – Parlamentarismo e preponderância da burguesia industrial –, as condições sociais, as condições económicas e as condições tecnológicas. Os landlords, por exemplo, utilizaram os lucros provenientes da agricultura para investir na Indústria. As indústrias impulsionadoras desta revolução foram a têxtil e a metalúrgica.


No sector têxtil, no passado, as técnicas antigas eram a fiação tradicional, a roda de fiar e a tecelagem manual. Embora os produtos fossem de maior qualidade, eram escassos em número devido ao trabalho que proporcionavam. Em 1760 surgem então novas máquinas, sendo a água a sua fonte de energia - energia hidráulica. Surgiram assim a spinning-jenny, a water-frame e os teares mecânicos. O sector algodoeiro foi um dos grandes impulsionadores da Revolução Industrial dentro da indústria têxtil. O aumento da sua procura e a abundância levaram a progressos. Devido à simplicidade das primeiras máquinas têxteis, surgiram pequenas empresas que rapidamente cresceram devido aos lucros elevados. A metalurgia também se revelou extremamente necessária para o desenvolvimento deste sector, pois fornecia as máquinas e os outros equipamentos, logo era indispensável. Nesta indústria a mais importante inovação foi o da utilização do ferro, que substitui rapidamente os outros materiais devido à sua resistência. A metalurgia era o mais importante sector industrial, ultrapassando assim o têxtil.Outro importante desenvolvimento foi o aparecimento da máquina a vapor, idealizada pelo engenheiro escocês James Watt. Com o aparecimento desta energia, a primeira artificial de sempre, transformações ocorreram no sector industrial e dos transportes. Tanto servia para mover máquinas industriais, como era muito importante para os meios de transporte. Uma máquina vapor realizava o trabalho de vários homens, fazia com que fosse possível as viagens serem mais rápidas, económicas e seguras, e a mercadoria transportada podia ser em maior número e mais pesada. A maquinofactura substituíra assim a manufactura. Antes praticava-se o Domestic System (manufactura) em que o local de trabalho era a oficina, os trabalhadores eram os artesoes, as fontes de energia eram a água, a força muscular e o vento e os instrumentos usados eram as ferramentas. A produção era pequena mas a qualidade elevada. Após a revolução industrial praticava-se o Factory System (maquinofactura) em que o local de trabalho eram as fábricas, os trabalhadores eram os operários, a principal fonte de energia era a do vapor, conseguida através do carvão e os instrumentos eram as máquinas. A produção era elevada sendo que, à medida que a quantidade aumenta, a qualidade diminuía. Surgiu assim a Burguesia Industrial, uma nova classe extremamente rica, estando no topo da sociedade e da politica.

As "Cidades Industriais" e o Trabalho Fabril

Como resultado da Revolução Industrial – em conjunto com a Agrícola – surgiu também o Êxodo Rural, sendo que os camponeses iam para a cidade à procura de trabalho e melhores condições de vida, o que não acontecia. As pessoas que vinham dos campos habitavam agora em sótãos ou caves deixadas pela burguesia ou outras classes que tinham ascendido socialmente. Essas habitações encontravam-se nas denominadas “Cidades Industriais” onde as condições de vida eram deploráveis e a água e o ar estavam extremamente poluídos pelos fumos e resíduos provenientes das fábricas. As terras eram retalhadas em demasia e as ruas eram estreitas, mal iluminadas pois os edifícios eram altos e não deixavam a luz do sol entrar, não tinham qualquer tipo de pavimentação, eram sujas e escuras, confusas e ruidosas, e também demasiado perigosas, sendo que existia prostituição, bandidagem, mendicidade e alcoolismo. Nas cidades existiam também diversas doenças respiratórias e, a mais grave de todas, a tuberculose. Essas pessoas trabalhavam nas fábricas, sendo que as primeiras tinham más condições e eram muito perigosas, existindo na altura variados acidentes devido a inexperiência perante o uso da maquinaria. Nas fábricas o trabalho era cansativo, existiam más condições de trabalho, poucos intervalos para descansar, podiam acontecer danos físicos permanentes e o trabalho feminino e infantil era pouco renumerado em relação ao masculino. Nesta altura o trabalho das crianças era bem aceite pela população, sendo as mesmas necessárias nas fábricas pois quando alguma máquina avariava, devido à sua pequena estatura, poderiam resolver logo o problema. Era também frenquente serem limpa-chaminés.

A Inglaterra era agora uma potência dominada pela maquinaria, que a revolucionou em relação a muitos factores. Percebe-se assim a célebre frase que foi proferida em relação a toda esta Hegemonia no sector Industrial: “ A Inglaterra é a oficina do mundo.”.

sábado, 19 de março de 2011

Hegemonia Inglesa - Revolução Agrícola

A partir da segunda metade do séc. XVII e até aos inícios do séc. XX, a Inglaterra foi a potência mundial com mais esplendor económico, o centro da Economia Mundo. Inúmeras condições, a todos os níveis, resultaram na sua superioridade perante os outros países. Era, sem margem para dúvidas, a nação com mais prosperidade económica, devido ao sector agrícola, industrial, comercial, bancário, entre outros. Durante os próximos posts falaremos das razões que ditaram a sua íncrivel Hegemonia.

Em primeiro lugar, existiram os progressos agrícolas - Revolução Agrícola. Se em países como a França existia somente a política mercantilista e a agricultura era esquecida, na Inglaterra aparecia uma nova teoria económica, o Fisiocratismo. Este engrandecia a agricultura, considerando-a a base económica das nações. No século XVII e XVIII, em países como a Inglaterra e a Holanda surgiram novas técnicas e novos instrumentos agrícolas, o que impulsionou a revolução que traria importantes consequências para o crescimento demográfico e para o comércio. Esta revolução começou na Inglaterra, onde os senhores das terras que possuíam extensas propriedades – os landlords – iniciaram um conjunto de mudanças proveitosas para o desenvolvimento da agricultura inglesa. A nobreza rural alargou ainda mais as suas propriedades, através de terras comunais ou da compra a pequenos proprietários que se encontravam na falência sendo estas exploradas para o trabalho agrícola ou para a criação de gado. Os denominados openfields (campos abertos, sem vedações, ainda com a técnica do pousio) passaram a enclosures (campos fechados, com vedações, sem pousio). Apareceram novas técnicas agrícolas e métodos de cultivo inovadores, como o afolhamento trienal ou quadrienal, que evitava o pousio e renovava a terra, alternando as colheitas de cereais com as de leguminosas e também cultivando as plantas forrageiras como o nabo e o trevo. Outra inovação foi a drenagem de campos. Os dito cujos eram drenados através de calcário ou argila, que os secava, nascendo dos antigos pântanos terras férteis propicias à agricultura. Também bosques e florestas foram dizimados para serem utilizados como terrenos agrícolas. Introduziram-se novas culturas, passando-se a fazer a selecção de sementes e das cabeças de gado. A criação de gado era essencial nas novas praticas agrícolas. Como não existiam adubos químicos, o estrume dos animais era o fertilizante mais utilizado. Serviam também para o comércio a sua carne, o seu pelo e o seu leite. Alimentavam-se das forragens de nabo, feno, trevo, entre outras culturas. As forragens eram cultivadas essencialmente para aproveitar os solos e para alimentar os animais. Outra inovação foi o cruzamento dos animais reprodutores mais fortes para assim originar cabeças de gado mais resistentes. A introdução da maquinaria na agricultura foi essencial para todo este progresso. Os instrumentos, anteriormente elaborados a partir da madeira, passavam agora a ser feitos de ferro, o que os tornava mais resistentes e mais facilmente manobráveis. Também novas máquinas foram introduzidas como a máquina de debulhar.

Como conseguimos perceber, a Revolução Agrícola está inteiramente relacionada com a Revolução Industrial, que abordaremos mais à frente. Toda esta maquinaria existente levava a que o número de mão-de-obra necessário diminuísse, o que resultava no êxodo rural. A população havia aumentado em larga escala e como a mecanização dominava agora o sector agrícola, as pessoas dirigiam-se para as cidades, à procura de trabalho. A Revolução Agrícola levou a um aumento considerável da produção, originando assim um Crescimento Demográfico. Existiam mais produtos agrícolas devido às novas técnicas, logo, existia mais abundância e consequentemente maior poder de compra por parte da população, devido à descida dos preços. Os corpos tornavam-se mais resistentes às doenças e a mortalidade diminuía. Contudo, a natalidade continuava alta, o que causava um crescimento demográfico considerável. Como referimos anteriormente, sem dúvida que esta revolução se apoiou na Revolução Industrial e vice-versa. Explicaremos a mesma no próximo post.

Monarcas e Teóricos Absolutistas

Finalmente, para terminarmos com o tema do Absolutismo Régio, uma de nós prestou-se a realizar um resumido vídeo sobre alguns monarcas e teóricos absolutistas. Esperamos que o mesmo seja útil.

Instrumentos e limitações do Poder Absoluto

Agora abordaremos alguns aspectos do Absolutismo, nomeadamente os instrumentos para controlar o mesmo, as suas limitações e os deveres de um monarca magnificente.

Os Instrumentos do Estado Absoluto
Começaremos pelo primeiro ponto apresentado, os instrumentos. O Estado Absoluto necessitava, sem margem para dúvidas, de diversas formas para controlar o poder. Apesar de o poder residir na figura monárquica, eram necessários instrumentos para apoiar o mesmo, senão o caos seria permanente. Em primeiro lugar, existia uma grandiosa Máquina Burocrática. A mesma garantia a aplicação dos éditos e fazia com que todos se submetessem às ordens régias. Além dos pontos apresentados, era uma estrutura fortemente hierarquizada e essencial para controlar o poder em todas as regiões. Em segundo lugar existia toda uma fiscalidade constante e minuciosa. Existiam impostos gerais que garantiam a existência de um Rei exuberante e de uma corte à sua altura, sendo o pagamento dos mesmos fortemente fiscalizados, isto para nada faltar aos monarcas. Em último lugar existia a denominada venalidade dos cargos. Num regime Absolutista, onde nos era apresentada uma sociedade de ordens, a ascensão aos cargos não era realizada face ao nível de instrução possuída. Os oficiais régios apenas ascendiam a estes cargos se fossem indicados pela pessoa que libertasse o mesmo. Teriam ainda de desembolsar uma determinada quantia. Isto numa primeira fase, sendo que, seguidamente, os cargos passaram a ser transmitidos de forma hereditária.

Limitações do Poder Absoluto
Apesar de a soberania residir na figura do monarca, este não poderia controlar tudo como desejava, existindo limitações estabelecidas que o mesmo teria de cumprir. Era estritamente proibido alienar os bens públicos e as leis gerais do reino. O monarca teria ainda de respeitar a ordem de sucessão ao trono, sendo o primogénito, o filho varão, o seu legitimo sucessor (aplicação da denominada Lei Sálica). Nunca o Rei poderia por outro no seu lugar que não o seu filho varão, só se algo acontecesse ao mesmo ou se o monarca não tivesse descendentes. Além das limitações, o soberano detinha um conjunto de deveres. Deveria manter a ordem e exercer a justiça de igual modo para todos. Detinha a função de organizar a defesa do seu país, controlar a economia do mesmo e fazer-se obedecer, por todos os meios. O fim é que interessa. Por último, sendo Rei por vontade de Deus, sendo sagrado, tinha de prestar contas ao mesmo. Por todos estes motivos e outros, os monarcas, como Luís XIV na imagem, consideravam que ser Rei, mais do que um privilégio, era um tremendo fardo.